O espetáculo “O Jegue e o Calango a Caminho de Belém (do Pará)” é uma farsa-mistério-paródia de “O Boi e o Burro no Caminho de Belém”, de Maria Clara Machado. Uma obra cênica musical do Grupo Teatro da Ponte e da Camerata de Violões Arealense, dirigida por Leo Cunha e texto escrito pelo premiado dramaturgo Tarcízio Dalpra Jr. de Juiz de Fora.

Apresentada presencialmente em 2019, ganha agora um formato virtual com a encenação do Grupo Teatro da Ponte – formado por artistas das cidades de Paraíba do Sul e Três Rios, ambas do estado do Rio de Janeiro.

Apresentação do espetáculo em 2019. (Foto: Gustavo Portugal)

A peça conta a história de um calango e de um jegue que viajam até Belém para acompanhar o nascimento do menino Jesus.

E o objetivo do projeto é levar ao público a oportunidade de ter acesso a uma produção artística que tem o compromisso de cultivar vários aspectos relevantes para o desenvolvimento humano, entre eles estão a consciência social, coletiva e cultural, a busca do equilíbrio emocional e o reconhecimento dos valores afetivos.

Encenação do Grupo Teatro da Ponte. (Foto: Gustavo Portugal)

As gravações ocorreram no dia 06 de março, nos jardins do histórico Palacete do Grama, em Paraíba do Sul, realizadas por uma equipe técnica experiente e seguindo todos os protocolos de prevenção à covid-19.

As cenas foram editadas e serão publicadas no canal oficial do projeto no Youtube.

Além disso, algumas imagens feitas pela produção também serão usadas no documentário “No interior do nosso Rio”, que mostrará os bastidores de todo o processo.

Gravação da peça para o formato virtual. (Foto: divulgação)

Confira a programação gratuita:
 

• 27/03 (sábado), às 20h

  ESPETÁCULO: �?oO jegue e o calango a caminho de Belém (do Pará)�?�
  Transmissão: Youtube.

   

• 30/03 (terça-feira), às 20h

  DOCUMENTÁRIO: �?oNo interior do nosso Rio�?�
  Transmissão: Youtube.

Vídeo teaser do espetáculo:

O projeto “O Jegue e o Calango a Caminho de Belém (do Pará)” é executado com recursos da Lei Aldir Blanc por meio do edital da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro.

O Zine aproveitou que a iniciativa ganhou a versão online para conversar com o responsável pelo texto do “O Jegue e o Calango a Caminho de Belém (do Pará)”, que também é Diretor de Criação da Sagres Criativa de Juiz de Fora/MG, Tarcízio Dalpra Jr.
 

Zine: Quais são as particularidades que um texto para o teatro demanda? 

Dalpra: O processo criativo é muito individual do autor. Têm aqueles que bebem muito da própria dramaturgia e de referências dramatúrgicas, têm outros que leem correntes teatrais.

A minha dramaturgia, meu processo criativo especificamente vem das vivências do dia a dia. Eu sempre me coloquei com esse defeito, eu estudo e leio muito pouco teatro, então todo o meu processo para a dramaturgia vem das experiências que eu tenho da vida… pessoais, do cinema, teatro, uma mescla disso tudo.

Acho que isso tem a ver também com a minha área de atuação que é Publicidade, na qual você bebe um pouquinho de cada parte.

Zine: Como foi o processo de criação desse texto? 

Dalpra: Veio de duas coisas que mexeram muito comigo no início do meu processo dramatúrgico.

Esse texto foi produzido no início dos anos 2000, não sei exatamente quando, e veio de uma experiência que eu tive nos palcos encenando “O Boi e o Burro no Caminho de Belém”, que é um texto da Maria Clara Machado. Eu era um dos dois personagens principais, então o texto mexeu muito comigo.

A segunda coisa que mexeu comigo é a minha paixão pela cultura nordestina, que vem desde início da minha jornada não só no teatro, mais na música e na literatura também.

Eu sou fã da cultura nordestina e cruzando essas duas informações eu imaginei como poderia ser a saga do nascimento de Jesus anos depois e se ela fosse feita no Brasil.

Então o processo foi uma miscelânea de referências, incluindo nesse caso o texto da Maria Clara Machado e muita referência nordestina, com música, literatura de cordel, samba de coco, poesia, enfim, essa mistura dos dois pontos influenciaram muito na produção do texto.
 

Zine: O �?oO jegue e o calango a caminho de Belém (do Pará)�?� é considerado uma farsa-mistério-paródia, como você explicaria esse gênero?

Dalpra: Na verdade isso foi um neologismo, uma licença poética que eu tirei para definir o que seria esse espetáculo.

Uma farsa é aquele gênero de teatro clássico feito em um ato só, geralmente uma crítica ou uma caricatura da sociedade. Já a farsa mistério é como a Maria Clara Machado denomina a peça dela. Como eu utilizei esse texto como uma inspiração muito significativa, resolvi pegar a denominação dela (farsa mistério) e acrescentar o “paródia”, já que é uma reinvenção, uma releitura desse espetáculo dela.

Talvez a maneira mais fácil de definir seja uma farsa, que é um texto relativamente curto, personagens carismáticos e uma crítica muito caricaturada da nossa sociedade, então fala de política, de religião e outras coisas. 

Eu fui reler o texto recentemente e vi como ele está atual, mesmo escrito a quase 20 anos atrás e mostra que a farsa é algo que perdura ao longo do tempo.

O espetáculo será transmitido por meio do Youtube. (Foto: Gustavo Portugal)

Zine: Por fim, a iniciativa da exibição ganhou vida devido aos recursos da Lei Aldir Blanc. Qual a sua opinião sobre?

Dalpra: A Lei Aldair Blanc foi um oásis no deserto da cultura durante a pandemia.

A gente vê pouquíssimas áreas foram tão duramente impactadas quando a arte, a cultural, os eventos e o teatro, especificamente, uma vez que, dessas áreas, é a mais presencial, que demanda presença do público, que envolve calor humano, contato.

Foi um baque gigantesco e essa lei de incentivo veio dar aquele fôlego para esses profissionais, pra galera que vive do teatro conseguir de fato respirar nesse tempo de pandemia e até se reinventar e experimentar novas linguagens.

Acho que ao mesmo tempo que é um alento, é também uma possibilidade de experimentação, de trabalhar novas linguagens. Iso foi muito bom. Deu uma sobrevida à essa galera tão guerreira da arte e da cultura.

Tarcízio Dalpra Jr. (Foto: arquivo pessoal)

FICHA T�?CNICA:

�?� Texto: Tarcízio Dalpra Jr.
�?� Direção Artística: Leo Cunha
�?� Encenação: Grupo Teatro da Ponte
�?� Atores Teatro da Ponte: Patrick Pereira, Arthur Batista, John Santos, Messias Guimarães, Beatriz Rezende, Luiz Alfredo Bressan, Larissa Pereira.
�?� Direção Musical e Regência: Marcelo José De Almeida
�?� Execução da Trilha sonora: Camerata de Violões Arealense
�?� Músicos Camerata de Violões Arealense: Marcelo José de Almeida, Thalyson Félix, Gabriel Duarte Mello, Felipe Dias, Erick Machado, Pedro Turba, Miguel Braga da Silva Ramos, Lucas Carvalho, Aparecida Morelli, João Pedro Pádua, Kevin Souza Vieira e Bárbara Lemes
�?� Trilha Sonora Original: Marcelo José De Almeida e Messias Guimarães
�?� Direção de Som: Diogo Perdigão
�?� Direção Audiovisual e edição: Tairone Vale
�?� Iluminação: Leo Cunha
�?� Preparação Vocal: Messias Guimarães
�?� Cenário: Helmo Santos
�?� Figurino: ANT Produções
�?� Maquiagem: Talita Souza
�?� Produção: Levante Cultural (Ilhas de Arte)
�?� Co-produção: ANT Produtora Cultural e Messias Guimarães Produção
�?� Produção Executiva: Ana Loureiro
�?� Técnico de Som: Camila Abdalah
�?� Técnico de Luz: Mariana Guimarães
�?� Captação de imagem: Sala 2 Corporate
�?� Sonorização: Estúdio Web DPS TV
�?� Fotos da Primeira Versão: Gustavo Portugal
�?� Gravação de imagens para o Documentário: Camila Abdalah e Mariana Guimarães
�?� Agradecimentos: Lúcia Diaz, Fazenda Verdessência, Ludmila Andrade, Cecília Andrade, Helmo Santos, Palacete do Grama, Sociedade Musical Três de Maio, Joel São Tiago, Show FM 100,9, Gustavo Portugal, Estúdio de Dança Anna Guimarães, Gustavo Souza.