Barrela

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Barrela
Por Joice Rodrigues de Lima*
Chocado com a brutalidade de um caso real de um garoto que foi preso pelo envolvimento em uma briga de bar, na cidade de Santos, litoral paulista, e como consequência foi currado na cadeia, Plínio Marcos iniciou sua carreira de dramaturgo criando “Barrela” – espetáculo que a Cia. Balaco do Bacco, de Ribeirão Preto (SP), apresentou na noite de ontem, no penúltimo dia de atividades do 8º Festival Nacional de Teatro de Juiz de Fora.
Censurada pela ditadura militar sob a acusação de tratar-se de “pornografia”, a peça, na verdade, narra a tensão presente nas relações de poder conflituosas entre pessoas inseridas na peculiar situação carcerária. O texto, direto e forte, mesmo após mais de 50 anos de sua escrita, retrata a fragilidade, injustiça e violência impressas no sistema prisional do país, no que diz respeito a todas as suas variáveis instâncias, tanto na relação entre estado e indivíduo, como entre indivíduos encarcerados que criam suas próprias frestas de sobrevivência. Segundo o próprio autor: “O teatro foi a forma que encontrei para dar um testemunho a respeito do tempo mau que vivemos. Falo de gente que conheci e conheço, gente que está amesquinhada por gente; gente que vai se perdendo.”
Sem tentativas de recriações, a companhia traz uma encenação justa à proposta do texto. A direção propõe cenário e sonoplastia que fazem referência ao interior de uma cela, sem a necessidade de ilustrações, com o mínimo de elementos cenográficos presentes em cena. O espetáculo pauta-se na construção naturalista dos atores que tomam por foco traduzir o fio de tensão presente nos personagens propostos.
Fotos por rodrigo Souza
Com escolhas pontuais na adaptação e cortes no texto, o grupo trata a proposta de trazer o texto à cena com honestidade. A apreensão crescente entre os personagens e o espaço construído transfere para que o espectador faça a opção em concretizar as possibilidades de leituras e associações com a sociedade atual.
 
O espetáculo foi apresentado no dia 6 de setembro | 21h | CCBM.
*Joice Rodrigues de Lima é mestre em Artes Cênicas pela Unicamp, atriz, professora e produtora teatral.
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